Foi desta maneira humilde, modesta que Manuel António Pina reagiu, quando, em 2011, recebeu a informação de que lhe tinha sido atribuído o Prémio Camões por toda a sua obra - que inclui poesia, crónica, ensaio, literatura infantil e peças de teatro.
Numa entrevista que tinha dado ao “JL”, em 2001, contava que num dia em que o Tonante resolvera fazer vibrar com fúria desmedida os raios de Vulcano, a mãe o fora encontrar de joelhos a escrever em cima de uma cadeira. Pensou que o filho estava a rezar mas, afinal, Pina estava a escrever “uns versinhos sobre a história do milagre das rosas”. Era a sua maneira de combater o medo que tinha da trovoada.
“Hoje, já não me assustam as trovoadas, mas continuo a escrever porque tenho medo. Se calhar, medo de ter medo”. Tinha mais de 50 livros publicados.
O prémio Camões, embora o mais significativo, foi mais um a juntar a todos os outros que recebeu ao longo da sua vida. Em 1988, o Prémio do Centro Português para o Teatro para a Infância e Juventude (CPTIJ) pelo conjunto da sua obra neste domínio. Em 1993, o Prémio Nacional de Crónica, Press Club/ Clube de Jornalistas. Em 2002, com a publicação de “Atropelamento e Fuga”, recebeu o Prémio da Crítica, atribuído pela Secção Portuguesa da Associação Internacional de Críticos Literários, ao conjunto da sua obra poética. Pelo livro de poesia “Os Livros”, editado pela Assírio & Alvim em 2003, recebeu o Prémio Luís Miguel Nava de Poesia e Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores/ CTT. E em 2004, foi-lhe atribuído o Prémio de Crónica da Casa da Imprensa, pelo seu conjunto de crónicas publicadas em jornais e revistas.
Algumas das suas obras foram adaptadas ao cinema e à televisão, transpostas para BD, bem como musicadas e editadas em disco.
No dia 19 de Outubro de 2012 a morte levou Manuel António Pina. Viveu durante a maior parte da sua vida no Porto, para onde fora com o pai quando tinha 17 anos.
Nasceu aqui, no Sabugal, e podemos, portanto, orgulharmo-nos por ser nosso conterrâneo “o mais notável cronista português , um grande e singular poeta e um contador de histórias infantis e juvenis de rara inventiva”.
Neste dia 25 de outubro, dia internacional das bibliotecas escolares, faço questão de, no blogue da nossa biblioteca, prestar esta singela homenagem a esta figura da nossa terra, que ganhou, por tudo aquilo que fez e disse, o direito próprio à eternidade.